Desilusão

Anda meio desiludido. Pronto, lá se vai o mote.

Nem tenta elaborar muito nas suas razões. Aprendeu que o mal não se corrige com o mal, anos ouvindo a mesma história. Acredita nas provas que lhe dão quando aparecem, enquanto ainda é dia. Quando desce a noite a história muda, enxurrada de verdades que a cabeça não cala nem querendo. Nisso ele só adia, fecha os olhos e pensa no que tem pra hoje. Abre de novo com medo de pensar no que não deve, cabeça arredia. Cansa, se esforça, pra não ter que decepcionar com o resultado da conversa dos seus dois eus.

Sem saber no que acreditar, entristece com os demais, e se deixa de momento ao léu. Mas nem ai quer mais ficar. Quer ir pra casa, mas sua casa é o arremedo de tudo de ruim que vê na rua; ninguém, lugar algum, escapa. Chega a hora em que não quer mais ver gente, não quer mais ver algum lugar, porque lá tem gente. A gente é boa, dizem. A gente é uma merda, a vida prova. Ele quer acreditar no bom, o desespero seria grande se desde já se rendesse. Mas enquanto a cabeça diz uma coisa, o peito quer só o contrário. Quer o mau, pago como se a Caim tivessem matado. Como se assim o fosse infinitas vezes. Saiam da frente – advertem os olhos – nem tanto interessa a quem. Quer tanto que nem sabe explicar. Quer a cabeça do tal João, em bandeja de prata. O presente das crias de João já está guardado para o Natal… é o querer que consegue colocar em palavras.

O lobo continua lá, arranhando dentro do peito, querendo enfiar os dentes na esperança que tinha, que gostaria de ter, na gente. Ele quer mais é que o mundo exploda antes de mandar a cabeça à puta que pariu e fechar as cortinas pra não ver mais nada. Só continuar gritando como realmente quer. Fique quem quiser, vá quem tiver que ir, mas deixem o rapaz gritar.

“Humanidade é o caralho.” Deixaram o portão aberto, os animais escaparam e tudo se inverte: o zoológico agora é do lado de fora, dentro não resta ninguém.

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Ouch…

As férias realmente fazem mal… enquanto temos a faculdade e o trabalho pra nos ocupar, parece que as coisas pra fazer pululam, aparecem mais do que somem. Bom, férias é exatamente o contrário, pelo menos para mim. Tudo e todos somem e eu acabo passando 2 meses checando meu facebook, meu email e postando no twitter… bom, hoje resolvi tirar o pó do meu violão e colocá-lo na história. Resultado: dedos doloridos, mas algumas boas descobertas e inclusive uma surpresa.

Descobri há algum tempo um tal de Ben Howard, um cantor de folk da terra da Rainha. Não vou me alongar muito sobre a música dele aqui (mesmo porque já preparo um artigo mais completo pro Vida Vinil), mas o álbum é realmente viciante (Every Kingdom, 2011). A música ser boa é uma coisa, mas o que me surpreendeu hoje é a criatividade (técnica inclusive) do cara. Tentando aprender uma das minhas preferidas, “Everything”, encontrei esse vídeo.

Everything by Ben Howard

Bom, basta dizer que meus dedos estão tortos e doendo agora… fica a recomendação.

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Nuvens III – O Retorno

É difícil voltar a escrever depois de um lapso de praticamente um ano. Não direi que foi um ano estupidamente corrido, pois não foi. Não trabalhei, imaginei que conseguiria adiantar minha tese, estudei o que foi necessário. Também não direi que foi um ano perdido, pois aprendi muita coisa, em todas as áreas possíveis…

Mas nada disso muda o quão difícil é voltar a escrever.

Vamos tentar, não?

Vamos primeiro às novidades…

VIDA VINIL

O blog em parceria com a querida Renata Furtado vai voltar à ativa em breve. A sessão de brainstorming já está marcada, com direito a uns chopes para clarear as idéias. Logo posto mais notícias.

MUDANDO DE CARA

Bom, já deve ter dado pra perceber que o blog mudou um pouco de cara… bem, nada permanente, mas a renovação é sempre bem-vinda. Comentários também são aceitos e serão considerados com carinho.

MUDANDO (UM POUCO) O NUVENS

Fora a mudança estética, pensei por muito tempo e quero mudar um pouco o foco desse blog. Quanto mais leio tudo o que escrevi nos últimos dois anos, mais percebo a falta de qualidade e a crueza resultantes da simples necessidade de postar algo. Por isso, esperem menos posts com criações próprias. Cansei da minha própria mediocridade… Quem sabe isso não me incentiva a escrever algo realmente bom e que valha a pena ser lido (e quem sabe publicado… um dia).

Bom, por enquanto é basicamente isso.

Espero vê-los novamente em breve.

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Cidades Impossíveis

Para quem não conseguiu aparecer no lançamento, os exemplares remanescentes podem ser adquiridos diretamente com a Editora Portal.

Boa leitura!

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In-útil

Um livro guardado na estante
em branco. Desperdício.
Mancha na alma
peso na mente…
Sem ler
sem escrever
Expert
em criar mofo.

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Febre! Depois de quase um ano sem postar, hoje tá merecendo até dois posts!

(sem nome)

Patriotismo singular
bairros são estados
cada bar uma cidade
cada puteiro uma capital.
Imensa só
não
mais que um letreiro
que uma procissão,
verdadeiro vício.

Camisetas, chaveiros, camisinhas
todos personalizados.
Romantismo moderno,
cego feito morcego.
Que há pra não gostar
no perfume matinal?
Que nada, “faz parte”.
Patriotismo peculiar,
quase separatismo.
País esquisito esse aqui.

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Merda boia

nunca entendi
esse gosto estranho
pelo mar…
com tanta gente
boiando por aí
mais
parece o quinto dos infernos.

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nos túneis…

Caminhar a rua,
vontade mais de engatinhar
altas árvores cinzentas
se fecham
quase más.

Sem sol
só a mortidão do piche
e o falso conforto
do meio fio.

Caminho
desce e desce mais
cava túneis
na escultura da cidade.

Rua escura
no coração da cidade
no meio do povo
no meio do dia.

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Voltarei…

Vou já, saindo agora
quem sabe mais tarde
passo por lá
trânsito do cacete.

Nem fui,
metro lotado
busão quebrado
vou na próxima.

Agora eu vô
“aluga um barco
que cai o mundo”
chego amanhã

Fui, to lá
se for o mesmo drama
volto
semana que vem.

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Quero minha cama, meu travesseiro, minha casa.
Meu espelho, minha mesa, meu carpete.

E dizem que dá pra viver viajando…

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